A educação nas aldeias começava com práticas cotidianas e costumes. (Foto: Reprodução: Internet/Importante História)
A SEGUNDA TRIBO.
Como a mulher na educação torna a escola uma segunda casa e, todos os alunos, seus filhos.
Não queiras a vida que eu sofro levar — Maria Firmina dos Reis, escritora, poeta, abolicionista e, ainda, a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão para o cargo de professora primária, fundadora da sala de aula mista, com meninos e meninas, no estado. A escritora foi responsável pelo primeiro livro brasileiro antiescravista contado a partir do ponto de vista dos escravos, Úrsula. Maria abriu portas, revolucionou não somente a história do seu povo, mas a das mulheres e a da educação.
Entre 2,2 milhões de professores que lecionam até o Ensino Médio, 1,8 são mulheres, de acordo com o Censo Escolar de 2017. As professoras comandam, em sua maioria, disciplinas como linguagens e artes, ciências da saúde, biológicas, sociais aplicadas e humanas, e a própria multidisciplinaridade. Geralmente, o estudante tende a se sobressair nessas áreas e ter uma melhor relação com a mestra, construindo um laço mais afetuoso do que poderia ter com um professor de exatas, por exemplo.
Quando o Brasil passou a chamar-se Brasil, foi finalmente possível nomear a primeira professora da terra já colonizada — Branca Dias. Fugida da Inquisição, judia, Branca fundou a primeira escola para moças, a primeira sinagoga de Pernambuco e, ainda, tornou-se a primeira senhora de engenho de que se tem notícia. Ensinou seu filho, nascido sem braços, a escrever com os pés e todas as suas filhas a ler, afrontando os preceitos da época. Assim como Maria Firmina, no Maranhão, Branca mudou a história do país e do mundo de tal forma a ser eternizada em lenda, cuja sua alma assombra a terra onde viveu.
A história da mulher na educação começou muito antes da colonização, quando as indígenas das tribos ensinavam coisas às crianças. Atualmente, a sociedade ainda se organiza em tribos, e a escola forma uma delas. Ainda que a figura masculina seja moldada como protetora, forte e símbolo de poder e disciplina, de nada valeria sem o zelo, apego e compreensão que as mulheres trazem à aldeia, ou seja, a figura materna, feminina, é necessária em todo o meio, e não seria diferente em uma classe.
São mulheres. Mulheres que escrevem poesia e transformam a própria casa em uma escola, porque, na educação, a mulher faz tudo o que vem fazendo desde o início dos tempos, muito antes de começar a se datar lugares e nomes — ela revoluciona e torna lar.