PROFESSORA DA REDE DE ENSINO ESTADUAL DO MARANHÃO HÁ MAIS DE DUAS DÉCADAS, A DRA. ANTÔNIA PEREIRA, COM TESE EM LITERATURA, É APAIXONADA PELA ARTE DE LER E ESCREVER.

Abaixo, confira a entrevista com Antônia Pereira de Souza

Como foram os primeiros passos dessa sua caminhada na escrita?

=Foi no mestrado. no mestrado já se inicia esse processo aí já se inicia a escrever ali. Escrever a dissertação do mestrado, que é um trabalho longo e foi aí.

Como é o processo de publicação no Brasil?

=Falta mais oportunidades, para as pessoas que não são ricas no sentido geral, quem escreve e publica, isso é difícil e caro. Não existe no Brasil, que na cabeças de muitas pessoas a cultura de que livro é um produto e precisa ser consumido, assim como vocês compra alimentos, roupas, calçados e deveria comprar também livros, eles são produtos.

Em que você se inspirou para escrever o livro?

=No livro de Ignácio de Loyola Brandão, no jeito que ele escreve me chamou muita atenção, quando fui pro mestrado na literatura aí eu fui pesquisar mais a obra dele, foi lendo a obra dele.

Qual a sua mensagem para as mulheres que querem conquistar posições de destaque?

=Sonhar e realizar.

Professora, fale um pouco sobre o Fantástico na Literatura.

=O fantástico envolve a literatura, principalmente, os romances em uma ambiguidade que não se desfaz, seja para causar hesitação, como defende Todorov (2004); seja para mostrar a condição humana enfrentando os problemas da vida, segundo afirma Sartre (2005). Além disso, suscita reflexões pertinentes sobre aspectos ecológicos, políticos e sociais. O gênero fantástico serve também para que os autores enfrentem as censuras social, pessoal e institucionalizada, ao mesmo tempo em que as ludibria para se proteger e defender seu escrito.

Na sua obra, há uma aproximação do fantástico tradicional com o moderno. Poderia explicar?

=Meu livro analisa os elementos do fantástico tradicional e do moderno presentes no romance Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão. O fantástico tradicional, cuja essência é a hesitação entre o real e o ilusório, é teorizado por Todorov (2004). Por exemplo, o elemento transformações do tempo e do espaço que, parece suspenso ou prolongado muito mais além daquilo que se crê possível, na obra em estudo, uma das representações é quando protagonista Souza reflete sobre alguns acontecimentos da seguinte forma:

Não tenho noção de espaço, horas, dias, semanas. Quanto tempo passou entre eu descobrir o furo e Adelaide me deixar? Não sei. Nem tem importância. [...]. O que conta agora não são os dias e os meses, e sim as situações e os acontecimentos (BRANDÃO, 2001, p. 183).

O fantástico moderno não apresenta mais hesitação, de acordo com Sartre (2005), já que o objeto fantástico é o próprio homem, ele não se assusta diante de si próprio, por mais absurdos que aparentem ser os acontecimentos. Um dos elementos desse fantástico é renúncia às fantasias fisiológicas, que consiste em descrever pouco fisicamente as personagens e retratá-las muito bem psicológica e socialmente, tornando-a crítica dos próprios atos, como podemos observar nesta outra reflexão de Souza

Que fraqueza, reconheço. Mas não sou forte. Sou apenas um homem comum que tenta viver seu dia a dia, quer ser feliz, realizar alguma coisa na vida. Mas, de repente, este realizar não tem sentido. Porque não há para onde ir. Mas não posso me sentar e ficar esperando a morte (BRANDÃO, 2001, p. 85).

No dia 04 de maio de 2019, na Academia Caxiense de Letras a senhora realizou um evento de lançamento de sua obra. Como foi essa experiência?

=O lançamento de meu livro foi uma noite muito feliz. Com a presença de familiares, amigos e alunos, houve a cerimônia de abertura, em seguida, músicas ao vivo, autógrafos, lanches e muita alegria.

Com poucas palavras, o que é ser escritor no Brasil?

-É um compromisso de expressar as ideias verossimilhantes ou não através da Língua Portuguesa.